Tremendo Diante da Cruz
Por James M. Renihan
O professor John Mürray escreveu, em certa ocasião, que o temor de Deus é o âmago da piedade; e com certeza ele estava correto. Embora seja freqüentemente olvidado, o temor de Deus é um dos conceitos centrais da Bíblia. O povo de Deus O teme, porque O conhece da maneira como Ele se revelou nas Escrituras. Thomas Manton disse: “Este sentimento deve ser aquilo que identifica os servos de Deus, por ser o grande princípio que tanto nos guarda do pecado quanto nos impulsiona a cumprir nossos deveres. O temor de Deus é uma das fundamentais e essenciais virtudes que o crente possui” (Works[Obras], 6:409).
Manton aludiu às duas principais características do temor de Deus, quando disse que este sentimento “tanto nos guarda do pecado quanto nos impulsiona a cumprir nossos deveres”. Por um lado, no temor de Deus existe um senso de terror em permanecer na presença dEle. Isaías, em sua grande visão do Senhor assentado no templo, sentiu-se despedaçado quando seu pecado foi revelado diante da gloriosa santidade de Deus. Embora Isaías fosse membro do povo de Deus, ele conhecia o potencial da ira de Deus quando manifestada contra o pecado. Isaías experimentou aquilo que foi expresso pelo escritor da epístola aos Hebreus, o qual nos lembra que é algo terrível cair nas mãos do Deus vivo. Por outro lado, o temor de Deus se evidencia em um profundo amor e reverência à pessoa de Deus, que, para aqueles que O seguem, é atraente. Seu povo deseja estar com Ele e anela pelo senso de sua presença e majestade. Eles se regozijam em prostrar-se diante dEle e adorar sua gloriosa soberania. Para eles, a sua maior felicidade está em exaltar seu Senhor.
Muitas ilustrações podem ser apresentadas em referência a este duplo significado do temor de Deus. Consideremos uma destas ilustrações: a cruz de nosso Senhor Jesus Cristo.
Se não for por intermédio dos olhos da fé, tudo o que podemos contemplar na cruz é aquilo que Isaías descreveu: “Não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse. Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso” (Is 53.2-3). No entanto, o crente contempla mais profundamente e diz: “Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos” (Is 53.4-6).
A cruz do Calvário ilustra bem a dupla natureza do temor de Deus. Ela demonstra o furor da ira de Deus. Quando pensamos na cólera derramada sobre o Filho de Deus — santo, imaculado, puro e amado — morrendo em indescritível agonia, podemos obter um vislumbre da terrível ira de Deus. Quem é este Deus, capaz de fazer uma coisa tão admirável como esta? Se castigou o pecado desta maneira, Ele tem de ser temido por nós.
A cruz também demonstra o amor de Deus. Quando pensamos na atitude do Pai ao enviar seu Filho, para suportar o castigo do pecado de seu povo, e meditamos no Filho aceitando a ira de seu amado Pai, temos um vislumbre da compaixão e do amor de Deus. Que Deus é este, que realizou algo tão impressionante por mim? Se Ele puniu os meus pecados daquela maneira, preciso temê-Lo com todo o meu coração.
Fonte: Editora Fiel
Nenhum comentário:
Postar um comentário